segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A religiosidade do povo de Angola

Conhecendo outras culturas: O povo Bantu


Nessa matéria vamos conhecer uma das dimensões da religião angolana, pois durante muito tempo generalizou-se o termo: “africanos”, como se os povos deste continente tivessem uma única religião/cultura, isso resulta da criação colonial. Na realidade, o que existe, há mais de 20 mil anos, é uma grande variedade de povos, com história e cultura diferentes.

Mesmo assim a principal religião desse país é o cristianismo que tem como desafio conhecer as dimensões religiosas das populações nativas, tendo em vista a convivência e o diálogo. Um exemplo é o povo Bantu.

 Eles são os que mais marcaram as práticas religiosas populares do povo angolano, que antes da colonização europeia formaram grandes Impérios na África, eles tinham crenças profundas na existência de um Deus supremo. Por isso, quando os europeus falavam de Deus, para eles não era novidade.

Apesar disso, nas narrativas da história de Angola, se dizia muito na época colonial, que os angolanos não tinham cultura e nem religião, pois eles não tinham templos e nem imagens de ídolos. Essa era uma visão eurocêntrica, pois não existe apenas uma cultura ocidental europeia e nem todas as religiões se manifestam só através de templos ou de ídolos. Os povos africanos não são, portanto, nem piores e nem melhores do que os europeus. São simplesmente diferentes, assim como qualquer outro povo, que construiu a sua própria cultura e história.

Para os Bantus, o Deus criador era chamado de Nzambi, que significa o todo-poderoso. Criou o céu, a terra, os homens e tudo o que existe. Por isso todo empenho deles é o de alcançar o Kalunga, que é a Terra sem Mal, onde as pessoas não envelhecem, onde não é preciso trabalhar, onde a caça já vem aos pés do caçador e onde não há nem sofrimento nem morte.

No universo Bantu não há separação entre o sagrado e o profano. Tudo é sagrado: a natureza, a vida e a morte. A união entre eles, o sagrado e o profano, faz com que todas as ações devam ser iniciadas com uma oração ou um sinal religioso. Ou seja, praticamente na vida deles são orações, eles veem Deus em tudo, por isso não encontramos templos de adoração e classificamos essa religião como animista, porque Deus está em tudo e em todos.

Ao contrário de outras culturas, onde a oração é um ato pessoal e silencioso, nas culturas africanas o culto é coletivo tendo cantos e danças. A dança para eles é algo sagrado. Assim, os seus cultos são sempre festivos, com comidas e bebidas à vontade.

O importante para eles não é um código imutável e escrito, mas sim, as tradições orais, baseadas nas falas dos mais velhos, isso sim é o mais importante para eles. Como também a inspiração divina, pois são elas que garantem a concordância entre cada pessoa para se viver bem em sociedade/povo. Contudo, os povos Bantu são generosos, respeitam a natureza e o seu próximo, contrariando assim os princípios de um antigo conceito, onde existe apenas uma linha de tempo ou apenas uma cultura considerada certa, que infelizmente, perdura na cabeça de muitos até o dia de hoje.

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